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An introduction to audio engineering in Brazil
O campo da engenharia de
áudio abrange áreas que misturam desde o domínio da
música e da acústica até ao domínio da engenharia de
sistemas eletrônicos, digitais e analógicos.
A acústica, arquitetura, a engenharia elétrica, as artes
musicais, a psicologia e as ciências cognitivas hoje se
encontram profundamente entranhadas à "engenharia de
áudio". O termo frequentemente é associado ao trabalho
do profissional de estúdio, que realiza a técnica da
gravação, a edição e masterização de um trabalho
fonográfico, uma atividade cuja nível de arte e
organização se apossa do termo "engenharia de som".
Todavia, a engenharia de áudio no domínio tecnológico e
industrial, como aqui queremos explicitar, remete
amplamente à concepção e construção de sistemas e
equipamentos para áudio e música, hardware e software.
Nestes termos, o que é engenharia de áudio então?...
* Construir teatros e outros espaços - inclusive
virtuais - para audição acústica é uma obra de
engenharia de áudio.
* Projetar e construir estúdios para gravação e produção
de trilhas sonoras é obra para a engenharia de áudio.
* Desenvolver equipamentos para gravação, processamento,
edição e reprodução de sons, música e voz são atividades
da engenharia de áudio.
* Produzir sistemas para análise de sons, síntese
interativa e transmissão à distância de sinais de áudio
são trabalhos da engenharia de áudio.
* Construir instrumentos musicais acústicos, como pianos
e violinos, é uma sofisticada obra de engenharia de
áudio.
* Teclados e sintetizadores musicais são frutos do
trabalho da engenharia de áudio.
* Analisar e simular ambientes sonoros e cenas acústicas
por meio de projeções sonoras espaciais é um trabalho de
engenharia de áudio.
* Codificar, comprimir e processar o sinal de áudio é
pura engenharia de áudio.
* Modelar timbres e tratar sinais acústicos para
objetivos tão diversos quanto o armazenamento de
informação sonora e estudo da percepção auditiva são
tarefas que empregam a engenharia de áudio.
* etc...
Apesar de ser claramente um campo profissional cujos
produtos sempre tocam aos nossos ouvidos a todo momento
e em todos os lugares, a engenharia de áudio ainda é um
campo pouco conhecido e estabelecido no Brasil,
especialmente no que diz respeito à sua interface com a
engenharia eletrônica e de computação, onde existe
atualmente a maior atividade produtiva e para onde
voltam-se as grandes atenções em todo o mundo - o
impacto revolucionário do áudio digital sobre o mercado
musical e as tendências futuras vêm corroborar essa
constatação.
Os países do primeiro mundo, notadamente aqueles onde a
produção musical e o fabrico de instrumentos acústicos
construiu uma cultura importante, estão na liderança na
produção de tecnologia musical e de áudio em geral.
Neles, ergueram-se parques industriais e existem
diversas empresas que fabricam e comercializam produtos,
hardware e/ou software, voltados para a produção
musical, gravação, processamento e transmissão de áudio.
O Brasil, por ser um país sem uma cultura musical
baseada na produção de tecnologia instrumental, exibe
ainda uma participação pequena no desenvolvimento de
tecnologia musical, na produção industrial de
equipamentos de áudio e na introdução de inovação neste
setor. Muitos fatores contribuem para uma certa inércia
desta indústria tecnológica no Brasil, como o custo
elevado da produção local, margens relativamente
apertadas de lucros, a preponderância de um parque
voltado para equipamentos de potência, o pouco
conhecimento dos programas de fomento à inovação, a
baixa integração empresa-universidade, a tentação em
importar para distribuir, e ao baixo valor tecnológico
agregado nos produtos. Este último fator é crucial na
atual fase de evolução da eletrônica e da computação
para o sucesso de novos produtos: a incorporação da
criatividade, da ciência e da matemática no projeto de
novos produtos e novas funcionalidades.
As dificuldades para o florescimento pleno desta
indústria tecnológica no Brasil também se deve a bases
culturais que não privilegiam as ciências finas e
interdisciplinares, mas onde ocorre um ciclo de suporte
prioritário às áreas sociais, da saúde e da extração. Em
outras palavras, o pão é prioritário ao circo. Nos
últimos anos as entidades de apoio à pesquisa e
desenvolvimento e inovação têm patrocinado aumentos
substanciais na quantidade e qualidade de programas de
fomento no Brasil, mas as áreas dedicadas ao áudio ainda
não lograram o status e reconhecimento da comunidade
científica a ponto de morderem maiores fatias do bolo. É
importante notar que os países que estão na liderança da
produção de tecnologia em áudio digital promovem suas
próprias estratégias de continuidade e suas empresas
gozam de um suporte diferenciado nos programas
tecnológicos. Apesar das dificuldades, o Brasil tem
demonstrado crescimento crescente de sua participação
neste mercado, e as empresas de base tecnológica tem se
estabelecido no país, muitas vezes associadas a
incubadoras e a parceiros nacionais e internacionais
estratégicos, o que tem iniciado um novo ciclo de
nascimento inovador, aberto para a absorção de novos
profissionais e mentes cheias de idéias e projetos.
Aclamado por sua extensa produção musical e brindado por
uma população de valiosos compositores, exímios músicos,
cientistas, programadores e profissionais técnicos de
alto nível, o Brasil tem todos os ingredientes para se
engajar fortemente no mercado de desenvolvimento de
tecnologias musicais, e despontar como potência. Não
faltam grupos interessados em potencializar este mercado
em potencial que se formam pelo país, como por exemplo o
Instituto Virtual MusArts, grupos de pesquisa e diversas
associações industriais do segmento produtivo. A
Sociedade de Engenharia de Áudio (AES Brasil) e a CE-CM
da SBC (Comissão Especial em Computação Musical da
Sociedade Brasileira de Computação) são entidades
referenciais em que os interessados podem buscar contato
com as comunidades de cientistas, engenheiros, músicos e
profissionais coligados às áreas de engenharia de áudio
e computação musical. Ainda pela Internet há grupos
dedicados ao áudio profissional, sonorização, gravação, etc, como o
Audio List.
ONDE ESTUDAR
Muitas pessoas escrevem manifestando seu interesse
na área de engenharia de áudio, computação e tecnologias
musicais, e endereçam perguntas sobre como e onde
estudar e se formar nestas áreas no Brasil. Compilamos
algumas respostas aqui.
Onde estudar engenharia de áudio no Brasil? há cursos
superiores nesta área?
O primeiro aspecto a se analisar é em qual área de
concentração o estudante está mais interessado.
Engenharia? Computação? Música? Outras?...
Diga-se rapidamente, as engenharias têm seus focos no
projeto e desenvolvimento de sistemas, design e
fabricação de equipamentos, no processamento de sinal e
nas técnicas de áudio digital, circuitos,
sintetizadores, aplicações industriais e também
desenvolvimento de aplicativos (engenharia de software)
e soluções para acústica (engenharia mecânica e
arquitetura).
A computação têm seus focos no projeto e desenvolvimento
de programas de computador, sistemas computacionais e no
design de algoritmos e aplicações, muitas vezes
agregando a inteligência artificial e sistemas
cognitivos para a criação de aplicações avançadas em
computação musical e sonora.
Já na Música os focos estão nas técnicas de composição,
de interpretação, orquestração, qualidade e diversidade
musical, aplicações para o auxílio à composição,
performance, ensino de música, organização da informação
musical, gravação e produção sonora.
Há ainda os focos que se relacionam ao mercado
fonográfico que envolvem as ciências da administração e
gestão empresarial.
Definida a área de concentração ou prioridade de seus
interesses, o estudante pode optar por fazer cursos
técnicos nestas áreas, que lhe colocarão no mercado como
um profissional executivo, ou optar por uma formação
universitária mais sólida, que lhe capacitará a atuar em
projetos, pesquisa e desenvolvimento, bem como atuar
como profissional executivo. Esta opção traz uma base
científica maior e requer atender a um curso superior na
área de concentração desejada.
Ao final de um curso superior em uma destas áreas, o
profissional terá como excelente opção entrar num curso
de pós-graduação - mestrado inicialmente - onde poderá
se especializar num dos temas de engenharia de áudio ou
computação musical com maior profundidade, tendo a
oportunidade então de pesquisar ou abordar um tema
específico de seu interesse, um desenvolvimento, uma
área de aplicação, e desenvolver um projeto de estudos e
desenvolvimetos sob a orientação de um professor da
área. Muitas vezes a figura de um co-orientador é
necessária, dada a interdisciplinaridade dos temas, que
levam à fusão das grandes áreas exatas e as artes
sonoras.
Há vários cursos de pós-graduação oferecidos em diversas
universidades brasileiras onde o estudante vai encontrar
um orientador e uma linha de pesquisa centrada numa das
especialidades citadas aqui. Exemplos incluem a USP
(Poli Elétrica/LSI, Ciência da Computação/IME, Música/LAMI/ECA), UNICAMP (NICS), UFSC, UFMG (Cefala), UFRJ (LPS), etc.
Veja o link
MusArtS para
descobrir mais sobre alguns grupos de pesquisas e
instituições que oferecem orientação e cursos de
pós-graduação nestas áreas.
Sobre cursos ao nível graduação, há alguns no Brasil
que têm certificações ou ênfases nas áreas de
engenharia de áudio e afins, embora um curso superior
específico para formar engenheiros de áudio ou de som
não seja uma área independente consolidada ou
reconhecida no âmbito das engenharias. Mais recentemente alguns cursos superiores no Brasil têm oferecido
ênfases ou até formação específica em áreas de engenharia de áudio. O
curso de engenharia elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) oferece uma especialização (Certificado
de Estudo Profissionalizante) em Engenharia de Áudio. A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) oferece desde 2009 um curso de graduação em Engenharia Acústica.
Alguns cursos relativamente novos no mundo estão
encampando o termo “engenharia musical”. As grades
curriculares frequentemente são formadas por disciplinas
das grandes áreas técnicas das engenharias e da música,
e do ponto de vista regulamentar da profissão, são
encampadas por alguma das grandes áreas. Um exemplo é o
curso de Bacharelado em Ciência do programa em
Tecnologia de Engenharia Musical (Music Engineering
Technology) do Departamento de Música da Universidade de
Hampton (EUA).
Objetivos destes cursos incluem a formação ampla do
estudante para uma carreira na indústria fonográfica, no
projeto de equipamentos e sistemas de áudio, projeto de
instrumentos, sonorização, radiodifusão, estúdio de
produção sonora e até vendas. As grades curriculares
incluem música, ciência da computação, áudio digital,
artes, tecnologias musicais, matemática e outras
matérias pertinentes à formação do profissional de nível
superior superior. Todavia, os cursos existentes
precisam sempre avaliados se são destinados a
formação em nível técnico ou em nível superior.
Frequentemente, no domínio da engenharia e da
computação, os profissionais partem dos cursos de
graduação de engenharia elétrica/eletrônica, ou de
computação para especializar-se nos campos de aplicações
em áudio, acústica ou música. Estes profissionais
costumam se encontrar nos diversos eventos, congressos e
simpósios que ocorrem anualmente pelo país (veja a seção
Eventos logo adiante).
Enfim, formar-se ou capacitar-se nestas especialidades
exige um interesse basal e bastante iniciativa por parte
do profissional, escolhendo os cursos e instituições que
irá frequentar baseado nos segmentos de atuação que mais
lhe atraiam, estejam estes conectados mais à engenharia
eletrônica, de produção, mecânica, ou à engenharia de
software e programação, ou à acústica e à música.
EVENTOS
Dois dos principais eventos dedicados à engenharia de
áudio e computação musical no Brasil são o Congresso e
Convenção da
AES Brasil (Audio Engineering Society,
Seção Brasil), e o
SBCM (Simpósio Brasileiro de
Computação Musical).
Em outubro de 1996 foi realizado no Rio de Janeiro o
I Brazilian Conference of the Audio Engineering Society.
O evento foi um sucesso, contando com uma audiência
seleta ao mesmo tempo que diversificada de pessoas
ligadas à produção musical do país e do exterior. A
frequência tanto das palestras quanto da feira associada
foi marcada pelo trânsito de vários profissionais de
áudio e música. As palestras cobriram tópicos
diversificados, como as Digital Audio Workstations (DAW),
restauração de áudio, tecnologia de áudio, áudio na TV,
equipamentos de estúdio e de shows, acústica e novas
tecnologias.
Há uma seleção de páginas compiladas sobre este evento,
que estão disponíveis
aqui.
Desde então, a
seção Brasil da
AES (Audio Engineering
Society) organiza anualmente uma convenção no país.
O II AES Brasil foi realizado também no Rio de Janeiro,
de 27 a 29 de novembro (1997). A partir da VII Convenção
também foi instituído o Congresso de Engenharia de Áudio
(Congresso da AES Brasil), um evento de caráter
acadêmico-científico, com apresentação de papers e
trabalhos inéditos de pesquisa e desenvolvimentos.
A
IX Convenção Nacional da AES Brasil, conjuntamente com
o
III Congresso AES Brasil foi realizada em Abril/2005
em São Paulo.
A
10a. Convenção Nacional da AES Brasil e o
4o.
Congresso de Engenharia de Áudio da AES Brasil foram
realizadas em Maio/2006 no Centro de Convenções Rebouças
em São Paulo.
A
11a. Convenção e o 5o. Congresso da AES Brasil foram
realizados em Maio/2007 no Centro de Convenções Rebouças
em São Paulo. O tema deste ano foi "Inovação em Áudio",
buscando fomentar a integração da pesquisa em
tecnologias de áudio no Brasil com o setor produtivo.
Veja informações sobre esta convenção e congresso no
site da
AES Brasil. Links para outras realizações do
congresso e feiras da AES no Brasil podem ser obtidos
neste site.
Interesse em trabalhar conosco ou obter maiores
informações? Entre em
contato.